domingo, 8 de maio de 2011

OS IMPRESCINDÍVEIS - Um artigo escrito para aqueles que se intitulam “Líderes”

É bem provável que algum dia você já tenha ouvido alguém dizer algo do tipo: “meu gerente não tem como se afastar uma semana da empresa”.
Na verdade, é bem provável que você também já tenha dito algo parecido um dia. Ou não?
Pois é, pior ainda é se você algum dia se referiu a si próprio nesta situação, ou seja: “não posso me afastar de meu trabalho nem por uma semana, quem dirá por um mês. Sair de férias???? Nem pensar!!!!”.
Quem pensa assim, está perdido. Se for empresário, não é dono da empresa, a empresa é quem é dona dele.
Se for empregado, não é dono nem de si próprio, é refém de seu trabalho.
Quais seriam os principais motivos que levam algumas pessoas a pensarem assim?
Vamos lá:
1) o indivíduo tem receio de, ao se afastar por um tempo maior de seu trabalho, seu chefe perceber que o setor que ele comanda funciona muito bem (ou até melhor) sem a presença dele.
2) o indivíduo tem receio de, ao se afastar por um tempo maior de seu trabalho, alguém querer tomar seu lugar na empresa.
3) o indivíduo se acha IMPRESCINDÍVEL, ou seja, ele acha que se afastando de seu trabalho, nada vai funcionar.
Não sei qual dos três é o pior...
A primeira situação pode denotar a insegurança que o indivíduo tem em seu trabalho e em seu próprio desempenho no mesmo. Isso precisa ser trabalhado, pois o líder que é líder precisa ter, ele próprio, a consciência de que está fazendo o melhor e comandando da melhor maneira seu setor de trabalho.
A segunda situação pode denotar, além da insegurança, uma boa dose de falta de auto-estima, pois no fundo ele acredita que tem pessoas que podem fazer melhor o que ele está fazendo. Isso também precisa ser trabalhado, pois líder que é líder precisa confiar que, se alguém pode assumir o seu posto, é porque ele (o líder) certamente irá galgar uma posição melhor na empresa.
A terceira situação pode denotar um certo grau de prepotência, pois certamente o indivíduo acredita que ninguém fará o trabalho tão bem quanto ele, que ele é o melhor e que só ele sabe fazer daquele jeito. Isso também é perigosíssimo, pois demonstra que o que lhe falta, na verdade, é saber delegar funções e orientar as pessoas.
Não é a PRESENÇA FÍSICA de um líder em seu ambiente de trabalho que fará com que haja crescimento, continuidade, eficiência e resultado no desenvolvimento da empresa/instituição. Líder que é Líder tem consciência que suas funções na empresa são imprescindíveis, mas sua presença física, não.
Dentro do leque de treinamentos da empresa da qual eu sou sócio, existe um que se trata de um programa de capacitação comportamental para líderes com duração de cinco dias (o dia todo) consecutivos.
Fico impressionado com a quantidade de empresários, diretores, gerentes, etc., que dizem não poder participar do programa “porque não consigo sair cinco dias da empresa”. Quando escuto isso, o primeiro pensamento que me vem é o seguinte: “esse, provavelmente, é um dos que mais precisam estar lá dentro da sala nos cinco dias”. Claro, pois se o líder acredita que não pode se ausentar por cinco dias de seu trabalho para investir em si próprio, certamente ele não pode sequer pegar uma virose, ou, sendo até mais trágico, ele não pode sequer morrer!!!
Enfim, em qualquer das três situações que citamos acima, o que pode estar por trás de tudo é a tendência que o ser humano tem de “demarcar território”. Nada contra isso, claro, mas o problema reside, na verdade, na maneira com a qual ele está demarcando o território.
O verdadeiro líder demarca seu território dando exemplos através de suas atitudes, com resultados obtidos através dessas atitudes, com flexibilidade, agilidade. Mandar é diferente de delegar. Mandar é transferir a responsabilidade da tarefa e, quando algo dá errado, pôr a culpa no outro, taxando-o de incompetente e incapaz. Delegar é saber conduzir, orientar e cobrar resultados com sabedoria, acompanhar o que foi delegado, ter discernimento para mudar o rumo das coisas quando necessário e assumir a responsabilidade pelos resultados.
Portanto, Srs. e Sras. Líderes, permitam-se ser PRESCINDÍVEIS, pelo menos por algumas vezes. Isso certamente vai melhorar seu crescimento pessoal, profissional, empresarial. Permitam-se experimentar a prazerosa sensação de autoconfiança e liberdade que surgirá naturalmente a partir do momento em que vocês conseguirem diminuir a interdependência entre vocês e seus trabalhos.