segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Comportamento e Qualificação Técnica: Qual dos dois você acredita que faz a diferença em seu ambiente de trabalho?

Algum dia você certamente já precisou levar seu currículo para alguma empresa ou instituição, com o objetivo de conseguir um emprego ou participar de algum concurso público.
Nesse currículo existiam informações do tipo: “Sou uma pessoa que sabe se relacionar bem com minha equipe de trabalho.” Ou: “Tenho uma excelente capacidade de ouvir os outros.” Ou ainda: “Sou transparente e flexível nas minhas opiniões e colocações.” E mais ainda: “Tenho facilidade em me encaixar na cultura, nos valores e no ambiente da organização.” ?
Não????
Provavelmente, não. Lá existiam, certamente, além de seus dados pessoais como nome completo, data do nascimento, endereço, números dos documentos e outros, informações do tipo: “Cursei o primeiro (ou segundo ou terceiro) grau no colégio tal”, “Terminei meu curso superior de (profissão) na Faculdade tal”, “Possuo Pós-Graduação em....”, “Trabalhei nas empresas ‘A’, ‘B’ e ‘C’ nas áreas de...”, “Participei dos seguintes Congressos e Seminários (relação)” e assim por diante.
O que significa que, se você foi contratado, certamente o foi por causa de suas excelentes habilidades e qualificações técnicas. Esses são, na verdade, e na grande (mas grande, mesmo) maioria dos casos, os motivos pelos quais as organizações contratam: porque o profissional tecnicamente é um excelente vendedor, um excelente engenheiro, um excelente auditor fiscal, um excelente analista de sistemas e assim por diante. Só depois, e nem sempre, é que as organizações se preocupam em verificar características como aquelas que citei no início desta matéria (aquelas que provavelmente não estavam no seu currículo). Aí pronto, já está gerado o maior problema: “O cara é complicado. E agora? O que fazer para demiti-lo? O que dizer a ele?”.
Na edição de maio de 2000, a revista Você S/A publicou uma matéria a respeito dos comportamentos e atitudes das pessoas, dando ênfase em seu lado profissional, que afirmava o seguinte: “Diplomas e competência não bastam: 87% das empresas demitem por problemas de conduta”. Ou seja, apenas 13% das demissões são provocadas por falta de competência técnica dos profissionais.
Agora, o que é pior: Segundo a pesquisa, 61% dos profissionais entrevistados acreditam que perderam seus empregos por problemas de atualização, de conhecimento e de habilidade técnica ou por falta de experiência, e apenas 20% afirmaram ter sido demitidos por problemas comportamentais. Ou seja, na hora de demitir, quase ninguém chega para o profissional e diz a ele os reais motivos pelos quais ele está sendo demitido. E assim, o profissional sai do emprego achando que precisa melhorar em termos de conhecimentos, precisa se capacitar mais tecnicamente, e não percebe que precisa, na verdade, buscar melhorias como pessoa, e não como técnico. Precisa se conhecer melhor, analisar suas atitudes, enxergar as situações onde alguns comportamentos seus estão trazendo resultados positivos e/ou negativos em sua vida pessoal e/ou profissional. Consegue uma outra colocação e corre o grande risco de tornar a acontecer tudo de novo...
Mas, esqueça um pouco essa coisa da demissão...
Até porque, ruim mesmo é conviver diariamente com pessoas que possuem atitudes opostas, por exemplo, às citadas lá em cima. Pessoas assim não vão, certamente, colaborar para um bom clima no ambiente de trabalho, concorda? E como é que você se sente tendo que ir ao trabalho, encontrar alguns “complicados” e conviver com eles durante dias, semanas, meses, anos?
Agora, vou jogar um pouco de lenha na fogueira: E se VOCÊ for uma dessas pessoas?
Não??? Impossível???
Não, não é impossível. Já parou pra pensar nisso? Que, assim como os demais, talvez você não esteja percebendo claramente quais são as suas atitudes no dia-a-dia? E como elas podem estar ajudando ou atrapalhando você como pessoa e/ou como profissional?
Isso pode, sim, estar acontecendo com você e só você pode mudar isso. Todos nós possuímos uma coisa chamada “base condicionada de comportamento”, ou seja, todos nós temos uma base comportamental que foi adquirida ao longo do tempo, e que nos condiciona a agirmos repetidamente de algumas maneiras. Isso nos leva, na maioria das vezes, a não perceber que estamos praticando algumas atitudes. Fazendo algumas coisas, digamos, mecanicamente. Algo assim como você dizer para alguém: “Por que você só fala gritando com as pessoas?” E esse alguém responde (aos gritos): “Eu? Tá louco? Eu, gritando com as pessoas?”.
Isso é um exemplo de base condicionada de comportamento. Aquela atitude já se tornou mecânica, a pessoa faz e já nem percebe mais. E se não percebe mais, não sabe se isso está sendo positivo ou negativo para ela.
Nesse momento, você pode estar se perguntando: “E agora? O que fazer? Será que ainda tenho salvação?”.
Claro que sim... Hoje, muitos profissionais e organizações estão investindo no aprimoramento do Desenvolvimento Comportamental através de trabalhos especializados. Seminários comportamentais, que se utilizam normalmente da andragogia (ciência que trata da aprendizagem do adulto) e baseados em alguns modelos do CAV – Ciclo de Aprendizagem Vivencial estão sendo amplamente procurados para formar cada vez mais profissionais capacitados a buscar um melhor auto-conhecimento de suas atitudes e comportamentos. Não são Seminários de auto-ajuda, e sim de métodos que fazem, através de vivências, o profissional enxergar mais claramente a necessidade de produzir mudanças em seu dia-a-dia, se ele assim o desejar.
Finalizando, não quero aqui desmerecer a técnica. Ela é importante (e muito, muito importante), e enfaticamente utilizada em nossa formação profissional. Só que a técnica normalmente é igual para todos, o que faz a diferença é o que você está fazendo com toda esta técnica. Se não fosse assim, todos sairiam das faculdades e universidades excelentes profissionais. E todos teriam muito sucesso. Mas não é bem assim...
Temos hoje uma grande variação na qualidade dos profissionais, sejam de qual área forem, e essa variação não acontece, na maioria das vezes, por causa das habilidades técnicas. Acontece por causa da maneira como esses profissionais se comportam em seu ambiente de trabalho. O comportamento, que começa a ser formado desde que nascemos, é a base de tudo. Antes de sermos profissionais sempre fomos (e somos) pessoas. E pessoas diferentes umas das outras.

Ser amigo ou estar amigo.

Este é um tema que vem “martelando” em minha cabeça há muito tempo. Antigamente eu achava que SER amigo era uma coisa plena, ou seja, amigo É ou NÃO É. Achava que não existia “meio amigo”, assim como não existe mulher “meio grávida”. Portanto, existiam, para mim, os AMIGOS e, além deles, os conhecidos, os colegas, os camaradas, os parceiros, os parentes e assim por diante.
Assim sendo, algumas pessoas do meu círculo de convivência, eu acreditava que eram, verdadeiramente, meus amigos.
Até que um dia, essa minha “crença” começou a mudar.
Passei a perceber que existem não os “meio-amigos”, mas aquelas pessoas que ESTÃO suas amigas.
Pois é: SER é diferente de ESTAR (isso eu já sabia, é claro, mas não sabia que se aplicava à amizade).
Explicando melhor: aqueles que SÃO seus amigos, os são independentes de qualquer situação que seja. Os que ESTÃO seus amigos os estão em função de várias situações, tais como:
- sua atual situação financeira.
- sua atual posição na sociedade.
- do cargo ou função que você ocupa.
- seu atual estado civil.
- do prestígio que você possui.
Na altura dos meus quase 50 anos de idade, passei por duas situações que me fizeram “reavaliar meus conceitos”: uma, na área profissional e outra, na área pessoal.
Na área profissional (essa situação, na verdade, nem me surpreendeu tanto), foi interessante. Eu havia entrado numa sociedade de um empreendimento muito grande, o maior em seu segmento na região onde eu resido. Era um empreendimento que, devido ao seu porte, estava sempre em evidência e, conseqüentemente, as pessoas que o comandavam (e eu era uma delas), também se evidenciavam, tanto no mercado quanto na sociedade. Muitas pessoas se aproximaram (e/ou se reaproximaram) de mim nesse período, onde em relação a algumas (poucas) delas eu acreditei que havíamos concretizado uma amizade.
Passado algum tempo, os resultados que estávamos alcançando na empresa não estavam sendo satisfatórios para mim e me desliguei da sociedade. Junto com isso, aquelas pessoas também se desligaram de mim... Constatei, ali, que elas não ERAM minhas amigas, elas ESTAVAM amigas da minha atual posição na sociedade e da função que eu ocupava.
Na área pessoal (essa situação, sim, me surpreendeu bastante), foi ainda mais interessante. Eu havia saído de um casamento de muitos, muitos anos, onde, durante todo esse tempo, havíamos, eu e minha esposa, na época, construído muitas amizades, em especial com outros casais. Casais que conviviam quase que diariamente conosco, freqüentávamos constantemente as casas uns dos outros, nos respeitávamos mutuamente, os nossos filhos conviviam entre si, viajávamos juntos e assim por diante.
Aí, veio a minha separação (a qual, diga-se de passagem, uma separação normal, como tantas outras).
Fiquei impressionado. De repente, mais de 80% desses amigos (sim, esses eu considerava AMIGOS), sumiram. Nem sequer para dar um telefonema, para saber como eu estava me sentindo, se estava tudo bem comigo, se eu estava precisando de alguma coisa. Nada. Parecia que todos aqueles anos de convivência não haviam representado ABSOLUTAMENTE NADA.
Incrível.
Percebi, naquele momento, que aquelas pessoas não ERAM minhas amigas. Elas ESTAVAM amigas de meu estado civil. Que coisa engraçada, estapafúrdia: ESTAR amigo de um ESTADO CIVIL.
Essas pessoas mantiveram o contato e a convivência com minha ex-esposa, e soube que algumas delas comentaram que era porque “ela estava mais frágil, toda mulher fica mais frágil diante de uma separação”.
Na verdade, o que eu acho é que algumas pessoas não sabem administrar o amor que sentem e que têm dentro de si. Acho que elas pensam que o que existe é algo parecido com “transferência” de amor, ou seja, não são capazes de amar AO MESMO TEMPO e de maneira diferente, duas pessoas que antes eram vistas como uma só, ou como um casal, o que era o caso. Acho que elas pensam que o amor tem que ser transferido. Demonstrar seu amor por mim, naquela situação, seria algo como magoar, trair ou ofender a outra pessoa.
Felizmente, me restaram os quase 20% de verdadeiros AMIGOS. Estes, sim, significam hoje 100% das pessoas que sempre FORAM e SÃO meus amigos. Souberam separar as situações. Não ESTAVAM amigos de meu estado civil. A estes, eu agradeço o apoio, a compreensão, a amizade, o companheirismo.
Aos que ESTAVAM meus amigos, ainda os quero bem. Olho para eles de forma distinta, não para o seu estado civil. Continuarei a torcer por eles, a acompanhar à distância seus sucessos, suas evoluções, seus momentos de vida. Ficaram as (muito) boas lembranças de tantos anos de convivência. Essas, o tempo não apaga.
Continuo a querê-los bem, independente de como eles ESTÃO e sim da maneira como eles SÃO.