Considero
preocupante o que tenho observado em relação a essa geração de adolescentes que
nos rodeia.
Em
sua grande maioria, percebo que a exacerbada preocupação com a forma tem se sobressaído
(e muito) em relação à preocupação com o conteúdo.
Vejo
jovens perdendo horas e horas dedicando-se a escolher as roupas que vão usar
para irem às baladas, mais algumas horas no salão de beleza, mais algumas
fazendo musculação e por aí afora.
E
não me venham com essa de "geração saúde". A maioria não está na
academia por estar preocupada com a saúde. Se assim fosse, também estaria
comendo brócolis, alface, tomate, rúcula, espinafre e tomando suco de beterraba
com cenoura e laranja, ao invés de estar tomando energéticos e esteroides
anabolizantes (as famosas "bombas") para aumentar a massa muscular.
Querem
ficar bonitos, atraentes, querem chamar a atenção pela beleza, pelas formas bem
definidas, pelos badulaques que usam.
É
o culto ao corpo, à vaidade, ao supérfluo.
E
com isso, se esquecem totalmente do culto ao conteúdo, à beleza interior.
Você
já parou para observar quanto tempo esses jovens se dedicam à preparação dos
estudos, ou se preparam para uma prova, para um concurso, em relação ao tempo
que dedicam para se preparar para ir a uma festa, um cinema, um shopping?
Quanto tempo eles dedicam durante o dia ao Whatsapp, Facebook e Instagram?
Não?
Procure observar... chega a ser impressionante.
Por
outro lado, você já experimentou conversar com alguns deles sobre atualidades,
política e conhecimentos gerais? O básico, por exemplo: quais os Estados de seu
País e suas respectivas capitais? Quantos são os Senadores representando cada
Estado no Congresso Nacional e qual o nome dos Senadores de seu Estado? Peça para
eles dissertarem um pouco sobre o escândalo da Petrobrás, do Mensalão, a crise
na Venezuela... e não se espante com as respostas.
Estamos
diante de uma geração que tende a cada dia ser mais "oca", mais
frágil, sem conteúdo. A geração do CTRL-C e CTRL-V.
E
muitos pais estão vendo isso e deixando acontecer. Boa parte por puro
comodismo. É melhor deixar a criança/adolescente "quieta lá no seu
canto" agarrada com um tablet ou celular conectado à internet do que ter o
trabalho de conversar com ela, orientá-la para a vida, castigá-la quando
preciso.
Alguns
pais preferem gastar os tubos com roupas de grife, acessórios, celulares de
última geração, salão de beleza, para evitar que os mesmos "encham seu
saco" se sentindo "inferiores" porque "todos os amigos tem,
só ele que não tem".
Filho
é pra dar trabalho, mesmo. Porque se não fosse, já nascia adulto. Filho é pra
estar olhando nos seus olhos e não para o celular, quando você está tendo uma
conversa com ele. Filho é pra aprender a corresponder e a reconhecer todo o
esforço que nós, pais, fazemos para dar a ele um mundo melhor.
Da
mesma maneira, pais estão aqui para orientar seus filhos. Para perceber
eventuais desvios de comportamento e colocá-los nos trilhos. Para mostrar a
eles que melhor do que ser bonito e atraente por fora é ser bonito e atraente
por dentro. Para incentivar a cultura e não o "lepo-lepo".
Quero
deixar bem claro aqui que não sou contra, de maneira alguma, que as pessoas
cuidem do visual, da aparência, se vistam bem, procurem ficar bonitas - isso só
faz bem à autoestima -, assim como também não sou contra a tecnologia, muito
pelo contrário. Seria até ignorância de assim o fosse.
Mas
que precisamos estar atentos à maneira como isso está acontecendo, acredito que
precisamos, sim.
A isso dá-se os nomes de "educar", de
"cuidar", de "formar", de "orientar".