segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ser amigo ou estar amigo.

Este é um tema que vem “martelando” em minha cabeça há muito tempo. Antigamente eu achava que SER amigo era uma coisa plena, ou seja, amigo É ou NÃO É. Achava que não existia “meio amigo”, assim como não existe mulher “meio grávida”. Portanto, existiam, para mim, os AMIGOS e, além deles, os conhecidos, os colegas, os camaradas, os parceiros, os parentes e assim por diante.
Assim sendo, algumas pessoas do meu círculo de convivência, eu acreditava que eram, verdadeiramente, meus amigos.
Até que um dia, essa minha “crença” começou a mudar.
Passei a perceber que existem não os “meio-amigos”, mas aquelas pessoas que ESTÃO suas amigas.
Pois é: SER é diferente de ESTAR (isso eu já sabia, é claro, mas não sabia que se aplicava à amizade).
Explicando melhor: aqueles que SÃO seus amigos, os são independentes de qualquer situação que seja. Os que ESTÃO seus amigos os estão em função de várias situações, tais como:
- sua atual situação financeira.
- sua atual posição na sociedade.
- do cargo ou função que você ocupa.
- seu atual estado civil.
- do prestígio que você possui.
Na altura dos meus quase 50 anos de idade, passei por duas situações que me fizeram “reavaliar meus conceitos”: uma, na área profissional e outra, na área pessoal.
Na área profissional (essa situação, na verdade, nem me surpreendeu tanto), foi interessante. Eu havia entrado numa sociedade de um empreendimento muito grande, o maior em seu segmento na região onde eu resido. Era um empreendimento que, devido ao seu porte, estava sempre em evidência e, conseqüentemente, as pessoas que o comandavam (e eu era uma delas), também se evidenciavam, tanto no mercado quanto na sociedade. Muitas pessoas se aproximaram (e/ou se reaproximaram) de mim nesse período, onde em relação a algumas (poucas) delas eu acreditei que havíamos concretizado uma amizade.
Passado algum tempo, os resultados que estávamos alcançando na empresa não estavam sendo satisfatórios para mim e me desliguei da sociedade. Junto com isso, aquelas pessoas também se desligaram de mim... Constatei, ali, que elas não ERAM minhas amigas, elas ESTAVAM amigas da minha atual posição na sociedade e da função que eu ocupava.
Na área pessoal (essa situação, sim, me surpreendeu bastante), foi ainda mais interessante. Eu havia saído de um casamento de muitos, muitos anos, onde, durante todo esse tempo, havíamos, eu e minha esposa, na época, construído muitas amizades, em especial com outros casais. Casais que conviviam quase que diariamente conosco, freqüentávamos constantemente as casas uns dos outros, nos respeitávamos mutuamente, os nossos filhos conviviam entre si, viajávamos juntos e assim por diante.
Aí, veio a minha separação (a qual, diga-se de passagem, uma separação normal, como tantas outras).
Fiquei impressionado. De repente, mais de 80% desses amigos (sim, esses eu considerava AMIGOS), sumiram. Nem sequer para dar um telefonema, para saber como eu estava me sentindo, se estava tudo bem comigo, se eu estava precisando de alguma coisa. Nada. Parecia que todos aqueles anos de convivência não haviam representado ABSOLUTAMENTE NADA.
Incrível.
Percebi, naquele momento, que aquelas pessoas não ERAM minhas amigas. Elas ESTAVAM amigas de meu estado civil. Que coisa engraçada, estapafúrdia: ESTAR amigo de um ESTADO CIVIL.
Essas pessoas mantiveram o contato e a convivência com minha ex-esposa, e soube que algumas delas comentaram que era porque “ela estava mais frágil, toda mulher fica mais frágil diante de uma separação”.
Na verdade, o que eu acho é que algumas pessoas não sabem administrar o amor que sentem e que têm dentro de si. Acho que elas pensam que o que existe é algo parecido com “transferência” de amor, ou seja, não são capazes de amar AO MESMO TEMPO e de maneira diferente, duas pessoas que antes eram vistas como uma só, ou como um casal, o que era o caso. Acho que elas pensam que o amor tem que ser transferido. Demonstrar seu amor por mim, naquela situação, seria algo como magoar, trair ou ofender a outra pessoa.
Felizmente, me restaram os quase 20% de verdadeiros AMIGOS. Estes, sim, significam hoje 100% das pessoas que sempre FORAM e SÃO meus amigos. Souberam separar as situações. Não ESTAVAM amigos de meu estado civil. A estes, eu agradeço o apoio, a compreensão, a amizade, o companheirismo.
Aos que ESTAVAM meus amigos, ainda os quero bem. Olho para eles de forma distinta, não para o seu estado civil. Continuarei a torcer por eles, a acompanhar à distância seus sucessos, suas evoluções, seus momentos de vida. Ficaram as (muito) boas lembranças de tantos anos de convivência. Essas, o tempo não apaga.
Continuo a querê-los bem, independente de como eles ESTÃO e sim da maneira como eles SÃO.

3 comentários:

  1. Ola blogueiro mais querido do brasil
    Que presente heim ....
    Serei presenca confirmada aqui
    Mais...mais...sucesso
    abracos cuiabanos

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  2. Tenho um questionamento: Essas amizades na área pessoal continuam amigas de sua ex-esposa ? Se sim, elas talvez não sejam amigas de seu estado civil mas de sua ex esposa...
    Excelente texto !

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