"Traga seu vinho!!! Não cobramos rolha"
"Roska dobrada de segunda a quarta-feira"
"Não cobramos taxa de entrega"
"50% de desconto em todo o cardápio todas as noites"
"Compre uma pizza e leve outra de igual sabor"
"Entrega grátis para pedidos acima de R$ 50,00"
Quem nunca se deparou nas redes sociais, panfletos ou outros meios de
divulgação, com anúncios desse tipo?
Pois é... arrisco-me a dizer que Salvador, em especial, está proliferada das
tais promoções entre os bares e restaurantes, e como Consultor com
especialização nesse segmento de mercado, não posso deixar de alertar para o
grande risco que estes estabelecimentos estão correndo ao entrar nessa
"guerra invisível", trazendo enormes prejuízos (estes, visíveis) para
eles próprios.
É só observar a quantidade de estabelecimentos que fecharam suas portas nesses
últimos 3 anos, muitos deles tradicionais, além de outros que tiveram que abrir
mão de sua qualidade de atendimento e produtos ofertados.
A verdade é que, conforme depoimentos ouvidos na área, muitos estão passando
por enormes dificuldades financeiras e de gestão.
Vocês podem até me perguntar: "mas é só por causa das promoções que essas
dificuldades estão acontecendo?".
A resposta, claro, é "não", mas quando o empresário começa a
"espremer" sua margem de lucro fazendo promoções CONTÍNUAS, estas
passam a se configurar como um custo fixo da empresa e chega o momento em que o
estabelecimento não consegue mais sair dessa prática, pois, afinal, quase todos
os seus concorrentes estão na mesma "guerra fria". Se ele se
aventurar a sair, perde seus clientes.
Como se não bastasse, surge agora uma infinidade de aplicativos de delivery
(nada contra eles, claro, estão ocupando uma fatia de mercado disponível e de
maneira legal), cobrando percentuais pela prestação de seus serviços que
acabam, também, "espremendo" mais ainda o lucro dos estabelecimentos
(e, mais uma vez, de maneira CONTÍNUA).
"Mas, fazer o que, todos os meus concorrentes também estão lá?",
pergunta-se o empresário.
E assim, este mesmo empresário acaba se tornando escravo de todas essas nuances
que estão permeando o mercado.
Com a margem de lucro (quando consegue obter algum) apertada, não sobram
recursos para, por exemplo, treinar seus colaboradores para que tenham uma
maior eficiência e um atendimento à altura de seus clientes. Então, mesmo com
todas as promoções ofertadas, os clientes não retornam ao estabelecimento, pois
mesmo pagando barato, poucos são os que estão dispostos a esperarem uma
infinidade por um prato ou ainda, não ser bem atendidos.
E quero deixar aqui uma máxima utilizada nesse sentido que diz: "Pior do
que você treinar um colaborador e vê-lo ir embora, é você não treinar e vê-lo
ficar".
Como exemplo, vou citar minha ida a um almoço com mais quatro empresários a um
tradicional restaurante local onde o garçom, ao ser questionado porque o pedido
estava demorando tanto, visto que só tinham duas mesas ocupadas no restaurante,
deu a seguinte resposta: "Se tiver paciência, o pedido sai. Se não tiver,
fica complicado". Deu as costas e se afastou da mesa, deixando todos
boquiabertos. E a mim, que os havia convidado, envergonhado.
Quero ressaltar aqui que não estou generalizando, pois existem, em Salvador,
vários estabelecimentos que são, na minha opinião e de muitos outros, campeões
em qualidade e atendimento. Coincidência ou não, estes estabelecimentos não
entraram nessa guerra contínua de promoções.
Fica, aqui, portanto, uma sugestão para um mercado que é de extrema importância
para essa cidade tão pitoresca e maravilhosa como é Salvador e de igual
importância para a população consumidora, local e turística: busquem outras
alternativas, com mais criatividade, mais inovação e menos desespero.
É viável lançar promoções no mercado? É viável fazer parte dos aplicativos de
delivery?
Sim, tudo é viável, desde que feito de maneira consciente, calculando
minuciosamente os custos que tudo isso traz e verificando até que ponto isso é
realmente atrativo para o bom andamento do seu negócio.
Concluindo, deixo aqui uma máxima do empreendedorismo: "Procure atrair e
manter seus clientes por ser O MELHOR e não por ser o MAIS BARATO".
Antonio Carlos Salles é empresário, escritor, consultor organizacional de
empresas, facilitador do Seminário EMPRETEC (ONU/SEBRAE) há mais de 20 anos e sócio
fundador da startup "Onde Toca" (ondetoca.com.br), que faz o
mapeamento de bares e restaurantes que ofertam algum tipo de música para seus
clientes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário