terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A predatória guerra de promoções nos bares e restaurantes de Salvador.

"Traga seu vinho!!! Não cobramos rolha"
"Roska dobrada de segunda a quarta-feira"
"Não cobramos taxa de entrega"
"50% de desconto em todo o cardápio todas as noites"
"Compre uma pizza e leve outra de igual sabor"
"Entrega grátis para pedidos acima de R$ 50,00"
Quem nunca se deparou nas redes sociais, panfletos ou outros meios de divulgação, com anúncios desse tipo?
Pois é... arrisco-me a dizer que Salvador, em especial, está proliferada das tais promoções entre os bares e restaurantes, e como Consultor com especialização nesse segmento de mercado, não posso deixar de alertar para o grande risco que estes estabelecimentos estão correndo ao entrar nessa "guerra invisível", trazendo enormes prejuízos (estes, visíveis) para eles próprios.
É só observar a quantidade de estabelecimentos que fecharam suas portas nesses últimos 3 anos, muitos deles tradicionais, além de outros que tiveram que abrir mão de sua qualidade de atendimento e produtos ofertados.
A verdade é que, conforme depoimentos ouvidos na área, muitos estão passando por enormes dificuldades financeiras e de gestão.
Vocês podem até me perguntar: "mas é só por causa das promoções que essas dificuldades estão acontecendo?".
A resposta, claro, é "não", mas quando o empresário começa a "espremer" sua margem de lucro fazendo promoções CONTÍNUAS, estas passam a se configurar como um custo fixo da empresa e chega o momento em que o estabelecimento não consegue mais sair dessa prática, pois, afinal, quase todos os seus concorrentes estão na mesma "guerra fria". Se ele se aventurar a sair, perde seus clientes.
Como se não bastasse, surge agora uma infinidade de aplicativos de delivery (nada contra eles, claro, estão ocupando uma fatia de mercado disponível e de maneira legal), cobrando percentuais pela prestação de seus serviços que acabam, também, "espremendo" mais ainda o lucro dos estabelecimentos (e, mais uma vez, de maneira CONTÍNUA).
"Mas, fazer o que, todos os meus concorrentes também estão lá?", pergunta-se o empresário.
E assim, este mesmo empresário acaba se tornando escravo de todas essas nuances que estão permeando o mercado.
Com a margem de lucro (quando consegue obter algum) apertada, não sobram recursos para, por exemplo, treinar seus colaboradores para que tenham uma maior eficiência e um atendimento à altura de seus clientes. Então, mesmo com todas as promoções ofertadas, os clientes não retornam ao estabelecimento, pois mesmo pagando barato, poucos são os que estão dispostos a esperarem uma infinidade por um prato ou ainda, não ser bem atendidos.
E quero deixar aqui uma máxima utilizada nesse sentido que diz: "Pior do que você treinar um colaborador e vê-lo ir embora, é você não treinar e vê-lo ficar".
Como exemplo, vou citar minha ida a um almoço com mais quatro empresários a um tradicional restaurante local onde o garçom, ao ser questionado porque o pedido estava demorando tanto, visto que só tinham duas mesas ocupadas no restaurante, deu a seguinte resposta: "Se tiver paciência, o pedido sai. Se não tiver, fica complicado". Deu as costas e se afastou da mesa, deixando todos boquiabertos. E a mim, que os havia convidado, envergonhado.
Quero ressaltar aqui que não estou generalizando, pois existem, em Salvador, vários estabelecimentos que são, na minha opinião e de muitos outros, campeões em qualidade e atendimento. Coincidência ou não, estes estabelecimentos não entraram nessa guerra contínua de promoções.
Fica, aqui, portanto, uma sugestão para um mercado que é de extrema importância para essa cidade tão pitoresca e maravilhosa como é Salvador e de igual importância para a população consumidora, local e turística: busquem outras alternativas, com mais criatividade, mais inovação e menos desespero.
É viável lançar promoções no mercado? É viável fazer parte dos aplicativos de delivery?
Sim, tudo é viável, desde que feito de maneira consciente, calculando minuciosamente os custos que tudo isso traz e verificando até que ponto isso é realmente atrativo para o bom andamento do seu negócio.
Concluindo, deixo aqui uma máxima do empreendedorismo: "Procure atrair e manter seus clientes por ser O MELHOR e não por ser o MAIS BARATO".

Antonio Carlos Salles é empresário, escritor, consultor organizacional de empresas, facilitador do Seminário EMPRETEC (ONU/SEBRAE) há mais de 20 anos e sócio fundador da startup "Onde Toca" (ondetoca.com.br), que faz o mapeamento de bares e restaurantes que ofertam algum tipo de música para seus clientes.

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